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CONHEÇA MULHERES RESPONSÁVEIS POR GARANTIR A SEGURANÇA DO TRÁFEGO AÉREO EM MARINGÁ






Manter o tráfego de aeronaves seguro, ordenado e rápido, separando as aeronaves dentro dos seus referidos estimados de pouso ou decolagem, cuidando para que se mantenham seguras e dentro das regras de tráfego aéreo. Esta é a definição do trabalho de Eulália Cristina dos Santos, de 55 anos, que, ao lado de oito homens e somente outra mulher, atua como controladora de tráfego aéreo no Aeroporto de Maringá.

Eulália é controladora de tráfego há 31 anos e atua na área em Maringá há dois anos. Após encerrar seu trabalho como bancária em 1989 ela foi em busca de outros sonhos. “Sempre quis ser militar, porém nessa época mulheres não podiam servir ou ter uma carreira militar. Só fora do Brasil é que as mulheres podiam, por exemplo, pilotar aviões e serem militar. Quando minha irmã me falou do concurso para a Força Aérea, porque foi assim que estava sendo anunciado o concurso, eu não pensei duas vezes…fui fazer. Fiz o concurso, passei e quando fui para o Centro Técnico Aeroespacial lá é que nos explicaram que não seríamos militares e sim civis”, conta.



Ela conta que não sabia, portanto, que a profissão de controlador de tráfego aéreo existia e fez o concurso achando que seria militar da Força Aérea. “Quando já estava no curso de formação para Controladores de Tráfego Aéreo no Instituto de Controle do Espaço Aéreo foi que conheci a profissão, me apaixonei e depois de algum tempo de formada vim para Maringá. E foi desde essa época que já lutávamos contra o preconceito e pelo nosso espaço como mulheres”, relata.

Quando Eulália começou havia cerca de apenas quatro mulheres controladoras de tráfego aéreo em toda a região sul. “E naquele tempo precisamos mostrar sim que éramos tão capazes quanto os homens. No passado houve muito preconceito sim. Já passei por algumas situações desagradáveis por ser mulher no Tráfego Aéreo, tanto por partes dos colegas de profissão na época quanto pelos próprios usuários do sistema, alguns pilotos de aeronaves”, desabafa.

“Mas hoje definitivamente não é mais assim e com esforço conquistamos nosso espaço e somos respeitadas pela profissão que exercemos. Hoje posso assim dizer que somos em um bom número de mulheres tanto no Controle de Tráfego Aéreo quanto a bordo de uma aeronave! Somos um time de campeãs. Quando estou no trabalho não vejo homens ou mulheres…vejo profissionais trabalhando para manter a segurança do nosso espaço aéreo, cuidando das vidas que estão dentro de cada aeronave. Somos um time e como um time exercemos o nosso melhor! Eu falo de igual para igual com meus colegas de trabalho sendo eles homens ou mulheres”, conta, orgulhosa."

O trabalho de Eulália e dos demais controladores de tráfego aéreo do Aeroporto de Maringá é por escala de revezamento de seis horas. “Controlamos em cada turno os voos que pousam e decolam de Maringá ou aeronaves em voo que cruzam a nossa área de controle ou CTR por coordenação com o Controle Londrina”, explica.

Pela escala, domingos e feriados se tornam as folgas, bem como Natal e Ano Novo. Também há noites e madrugadas de trabalho, o que significa abdicar de estar a todo momento com a família, com os filhos.

“Para exercemos o nosso trabalho quando entramos numa Torre De Controle ou em qualquer outro órgão de Controle sempre deixamos em segundo plano a família, o controle dos filhos… alguém doente. No nosso horário de trabalho temos que nos concentrar e exercê-lo da melhor maneira possível porque lidamos com vidas. Dependendo do tipo de aeronave há pelo menos 50 ou 70 pessoas a bordo e nesse nosso trabalho não podemos nos dar ao luxo de cometer erros que podem comprometer a vida de outras pessoas”, diz Eulália.

Também no Aeroporto de Maringá, outra mulher assume um papel de extrema importância para que os voos ocorram em segurança. É a Viviane Tayão Dutra Camerini, de 40 anos, que trabalha como observadora meteorológica e encarregada da meteorologia no local há 15 anos, função totalmente ligada à de Eulália.

Ela tem apenas outra colega mulher e juntas integram uma equipe de seis operadores.

“É uma pena ter poucas mulheres, pois acho que as mulheres são mais detalhistas nas coisas, são mais observadoras. Tentamos sempre dar um ar mais aconchegante ao ambiente, trazemos uma florzinha ou cheirinho ou uma simples toalha com um crochê. Essas coisas que fazem toda a diferença para nós e a maioria dos homens nem percebem”, avalia.

Assim como Eulália, Viviane trabalha em escala com turnos de 6h. “Cada dia estamos em um turno diferente antes de ir para a folga”. Ela explica que seu papel é fazer o acompanhamento das condições do tempo, definindo através de parâmetros a visibilidade camadas de nuvens e a condição de tempo presente: se está chovendo, se tem trovoadas, ventos fortes, nevoeiro…para auxiliar os controladores de voo no pouso e decolagens das aeronaves. “Alimentamos um banco de dados online com esses dados, onde qualquer piloto e companhia aérea podem saber como estão as condições de tempo presente em um determinado aeroporto. As responsabilidades são grandes, pois um voo que não pousa ou atrasa sua saída gera muito prejuízo não só aos passageiros, mas estamos sempre pensando em primeiro lugar na segurança operacional nos pousos e decolagens, para que todos cheguem com tranquilidade”, relata.



Além de compor a escala corrida junto com os outros operadores, ela é encarregada da estação meteorológica, e, com isso, tem mais algumas atribuições. “Faço a parte burocrática documental aos órgãos da aeronáutica e gerência de navegação aérea do aeroporto, como: controle de observação operacional, coordenação entre os órgãos de trabalho, escala de trabalho, férias ou algum problema que venha existir os operadores se reportam a mim e levo para a chefia. Acompanho os relatórios de aferição e manutenção dos equipamentos, acionamentos técnicos e o livro de ocorrências da sala”, explica.

“Falavam que eu não iria aguentar”

Outra semelhança de Viviane com Eulália é que ela também enfrentou preconceito no início. “Falavam que eu não iria aguentar e que iria desistir logo no início. Mostrei que era meu sonho sendo realizado, me empenhei para me destacar e cheguei onde estou”, frisa.


Como é trabalhar em um local que ainda tem homens como maioria?

Viviane garante que não tem problemas com isso, mas que sempre teve que se esforçar muito para estar na posição que ocupa atualmente. “Não é fácil a rotina de trabalho com turnos na madrugada, trabalhando finais de semana e feriados como Natal, Ano Novo, Páscoa etc… Porém a rotina de 6 horas não é tão cansativa, sempre me espelho em outras profissões como médica, enfermeira, comissária de bordo e repórter que estão ali fazendo o seu trabalho independente do dia e hora, muitas vezes com uma carga de trabalho maior que a minha”, avalia.

Mas, ao tornar-se mãe, as coisas ficam mais difíceis. “Quando um filho fica doente acabamos nos sobrecarregando, mas para qualquer profissão que uma mãe trabalha. Vai depender mais do seu parceiro em casa dividindo as responsabilidades do que do ambiente de trabalho em si. Graças a Deus tenho um marido maravilhoso que já ficou noites cuidando das filhas pequenas de madrugada, enquanto eu trabalhava. Sempre evitei pegar qualquer atestado médico quando minhas filhas ficaram doentes, para não ser julgada ou discriminada por isso”.

‘Se o ambiente ainda é majoritariamente masculino, seja pioneira’
Para as mulheres que desejam seguir o mesmo caminho de Eulália como controladora de voo, ou atuar em alguma área que ainda seja dominada por homens, ela lembra:

“Primeiramente não tenha em mente que você não vai conseguir por ser mulher!!! Todas nós mulheres somos capazes de exercer qualquer atividade laboral. Se o ambiente ainda é majoritariamente masculino, seja pioneira!!! Somos capazes de exercer qualquer atividade. Hoje já temos pilotos, motorista de caminhão, ônibus, operadoras de máquinas… somos fortes e guerreiras e o nosso lugar é onde quisermos estar. Estude, tenha em mente a profissão que você gostaria de ter, faça um concurso se necessário e acredite em você! Ninguém vai acreditar em você mais do que você mesma”.

Já o conselho de ouro de Viviane é “seguir o coração”. “Independente de ser uma função predominada por homens, sempre tem espaço para nós. Os preconceitos vão existir, infelizmente, mas entra por um ouvido e sai pelo outro. Erguemos a cabeça e seguimos em frente”, garante.

FONTE:  GMC.

Publicado em 08 de março de 2023.